Olá cervejeiros e cervejeiras! Tudo bem?
Depois de um período de descanso prolongado
após o Natal e o Ano
Novo, o “Vamos
bebeer?” começa
a retomar nesta sexta-feira as atividades em 2015. Inclusive, este que vos
escreve espera que vocês leitores tenham curtido muito os dias de descanso no
final do ano e que 2015 já tenha começado com ótimas perspectivas de trabalho e
de grandes realizações nas suas vidas.
E para iniciarmos este ano – que com toda a
certeza será o mais cervejeiro da história –, aproveitamos este final de semana
para publicarmos um texto diferente dos que já foram produzidos sobre todas as
37 cervejas já indicada no blog. Ocorre que será a primeira vez que indicaremos
um chope e um brewpub.
Portanto, a cerveja do dia é a Itaim Pale Ale do
brew-pub francês Les
3 Brasseurs.
Inclusive, se você acha
que francês não entende de cerveja é bom começar a rever seus conceitos.
Afinal, o “Vamos bebeer?” garante que só é possível
fazer bico com esta cerveja se for para dizer o nome da casa.
Quem acompanha as publicações do blog nas
Redes Sociais pode lembrar que em novembro do ano passado – no dia 28 de
novembro para ser mais exato – fizemos uma homenagem à casa por ocasião do seu
aniversário de 1 ano de operação na filial paulistana. E como ficou prometido
naquele post, convidamos vocês a nos acompanharem pelas próximas linhas para
saberem mais sobre esta cerveja e um pouco sobre a casa.
O Les 3 Brasseurs
Sabemos que a França é
muito famosa pela produção
de vinhos e queijos,
mas a posição geográfica que o país ocupa na Europa (entre a Alemanha e a Bélgica)
serve como fator importante para que o seu povo também acompanhe - há bastante
tempo - a produção e o consumo de cervejas.
Tanto que em 1985 foi fundada (na cidade de
Lille) a microcervejaria
Les 3 Brasseurs cujo
nome (“Os 3 Cervejeiros” em tradução livre para o português) faz menção aos
três Mestres Cervejeiros que foram responsáveis pela fundação da cervejaria. O
trio tinha dois objetivos bem simples: produzir a mesma cerveja (algo comum em
microcervejarias europeias) e vender a bebida no mesmo local. Esse conceito de
consumo rapidamente se espalhou pelo mundo no que hoje conhecemos pelo nome brewpub (Cervejaria-Bar
em tradução livre).
E em 28 de novembro de 2013 o Les
3 Brasseurs iniciou
suas operações no Brasil e logo de cara conquistou o público cervejeiro da
cidade que encontrou na casa ótimas cervejas – sempre frescas – e pratos bem
preparados que transformam a visita do cliente em uma completa
experiência gastronômica.
A cerveja Itaim Pale Ale
Dona de aroma e amargor
equilibrados, sendo ideal para o consumo todos os dias (ainda mais nos quentes)
por ser muito leve e refrescante, a Itaim Pale Ale se tornou uma das cervejas
mais interessantes que o jornalista
Renan Geishofer (editor
deste blog) já experimentou.
Afinal, é uma cerveja de estilo inglês,
produzida em um brewpub francês em São Paulo pelas mãos de um Mestre Cervejeiro
que estudou na Alemanha. É ou não é uma cerveja com a cara da miscigenada
gastronomia paulistana?
Por isso, esta é a cerveja indicada pelo “Vamos
bebeer?” para
ser a cerveja a ser consumida neste final de semana para celebrarmos o 461º
Aniversário de São Paulo. E ainda em um dos bairros mais boêmios da cidade.
E esse tal Mestre Cervejeiro é Wellington
Aristides Silva que
recebeu o “Vamos
bebeer?” para
um bate papo no final de novembro e nos contou toda a história sobre a cerveja.
Acompanhe abaixo a entrevista completa:
“Vamos bebeer?” - Sabemos que nos primeiros meses de operação da casa a
Itaim Pale Ale estava em processo de experimentação do público em que se estava
estudando a adição de mais lúpulo ou se deveriam tirar mais um pouco dele.
Depois desse primeiro ano de operação da casa, como está essa questão?
Wellington – Hoje ela é uma
cerveja bem aceita pelo público do bar sendo a segunda mais consumida da casa
ficando atrás apenas do chope Blonde – que é o nosso “chope de entrada”. De
novembro de 2013 até novembro de 2014 (quando esta entrevista foi realizada)
ela teve pequenas transformações na quantidade de lúpulo, alguns retoques na
composição de maltes e o resultado é uma cerveja mais clara do que era
antigamente – que também era mais turva. Talvez tenha encontrado um pouco de
dificuldade de aceitação do público Itaim no começo porque era muito turva. O
que nos motivou a deixá-la descansando mais no processo de maturação.
VB – Quais os insumos utilizados?
W - São todos importados porque infelizmente o Brasil
ainda não produz um insumo de qualidade. O lúpulo utilizado é o Cascade
(Estados Unidos) que dá mais presença de aroma à cerveja – usado também no Dry
Hopping (processo que deixa a cerveja com amargor mais herbal dando à cerveja
maior sensação de refrescância); o Bramling Cross (em forma de flor que vem da
Inglaterra) que dá um contrabalanço mais terroso à cerveja para não deixá-la
tão cítrica e o Saaz que entra no final da fervura para dar um toque herbal.
Três lúpulos que deixam a cerveja bem aromática. Uso também o malte Pilsen como
base que são o Munique, Trigo e um pouco de malte Cristal.
VB – E a produção em litros mensal/semanal?
W – Até agora (em dados
do final de novembro de 2014) já produzimos 115 mil litros desde 28 de novembro
de 2013 de todas as cervejas. A Itaim Pale Ale deve representar 30/35% dessa
produção. E a produção semanal da casa está na casa de 3 a 4 mil litros com mil
litros de Itaim Pale Ale sendo produzidos por semana. São, portanto, quatro
brasssagens por semana que rendem mil litros em cada uma.
VB – Como foi o processo de criação para o desenvolvimento
de uma cerveja que homenageia o bairro?
W – A ideia partiu dos
mestres cervejeiros franceses e já chegou por aqui com 60% do processo de
desenvolvimento já em andamento. Então a finalização foi elaborada por nós aqui
no Brasil. Eu acabei acompanhando desde o começo porque foi na época em que eu
cheguei ao grupo. Começamos – junto com os mestres cervejeiros franceses - a
fazer uma Pesquisa de Campo sobre os hábitos de consumo da cerveja Pale Ale e o
que clientes e amigos esperavam da cerveja.
O produto foi sendo aperfeiçoado depois de
colocarmos o produto na casa como protótipo. Tivemos uma aceitação legal por
ser uma cerveja interessante e sempre tinha aquele cliente mais crítico que nos
relatava que faltava alguma coisa na cerveja esperando um amargor maior ou uma
presença de corpo mais intensa.
Fomos estudando e temos hoje o produto que
acabou sendo uma cerveja adaptada ao gosto do nosso público. E com mais de um
ano de operação da casa vemos que o público está sabendo muito mais de cerveja.
Inclusive, temos alguns “clientes chave”
que vêm aqui e nos trazem informações. E a profissão de mestre cervejeiro
requer essa sensibilidade de saber o que o cliente espera. Portanto, temos
agora uma demanda qualificada e que não aceita mais consumir cerveja “goela
abaixo”.
A cerveja está com receita fechada e foi a
primeira cerveja criada no bairro do Itaim (sendo a única cerveja desenvolvida
com exclusividade para a casa do Brasil).
VB – Então vocês foram a fundo nesse processo de pesquisa
sobre o bairro, hein?!
W – Sim. Teve há muito
tempo atrás a cervejaria artesanal DaDo Bier que foi uma das primeiras a trazer
a cerveja artesanal para a cidade nos anos 1990. Mas a cerveja 100% Itaim é a
Itaim Pale Ale do Les 3 Brasseurs.
VB – Há também aquele apelo mais glamouroso do bairro,
não?!
W – Eu acho o Itaim
muito curioso. Muitas pessoas acham que o bairro é muito chique e esnobe. Mas
há pelos menos 20 anos ele era um outro bairro que ficou mais elitizado por
causa das empresas que vieram para cá. Os moradores mais antigos do bairro são
pessoas muito simples e o local tem clima de interior só que com a presença de
prédios.
Há quem pense que há também um lado mais
glamourizado por conta de a casa ser francesa e ter esse nome francês. Mas
somos um bar simples e honesto. Até porque a degustação da cerveja tem que ser
mais simples.
Bandeira do bairro do Itaim Bibi |
VB – E o nome Itaim
ajudou a reverberar pelos quarteirões do bairro para o público vir experimentar
a cerveja...
W – Com certeza. E
teve também o lance de termos usado a bandeira do bairro que tem uma história
muito bacana. Aí tentamos transformar esse orgulho dos moradores em uma
cerveja. Tanto que os moradores do bairro são os que mais consomem a Itaim Pale
Ale. Fica bacana essa identificação do público. E também há quem chega e quer
saber como é essa cerveja do bairro.
VB – E você costuma
rodar pela casa para conversar com os clientes?
W – Já fiz muito
isso. Lógico que o meu trabalho demanda muito tempo, atenção e não posso estar
fazendo a cerveja e ainda ficar saindo para lá e para cá. Mas quando tenho
tempo vou até a mesa para tirar dúvidas dos clientes que querem saber quem é o
Mestre Cervejeiro, qual é o tipo da cerveja e etc...
Porque independentemente de divulgarmos a
casa e a nossa cerveja, queremos que as pessoas saibam realmente o que é a
cultura cervejeira, o que estão bebendo e o que está sendo utilizado. Assim
essa informação se expande e teremos uma cultura cervejeira sólida no país e o
Brasil poderá ser um país de tradição cervejeira. Estamos caminhando para isso.
Temos muitos bons Mestres Cervejeiros, muitas boas cervejas e cervejarias
artesanais e queremos que o Brasil seja um protagonista no mundo cervejeiro.
Isso é o que me motiva!
Harmonização
O cardápio da casa sugere os seguintes
pratos que melhor harmonizam com a cerveja. São eles:
Hot
Dog 3B
(com batatas fritas, salada, tomate, degustação de mostardas e batata palha –
R$ 32,00)
Hambúrguer
Itaim
(170g de hambúrguer de Fraldinha, bacon, pimentão conflitado, cebola, alface,
tomate, queijo de cabra e molho 3B – R$ 37,00)
Flamme
Paulistana
(com mussarela, tomates cerveja, lascas de pimentão, presunto cru, rúcula e manjericão
- R$ 44,00)
Flamme
Chèvre Miel
(com queijo branco, queijo de cabra, cebola, tomate, bacon e mel – R$ 48,00)
Inclusive, a Flamme é outra exclusividade
da casa. Uma massa em formato quadrado feita sem fermento e à base de cerveja
preparada com vários sabores. E como diz Laurens Defour, diretor geral da
cervejaria no Brasil, “É o filho do casamento entre a pizza e o crepe”.
Todas as harmonizações, segundo Wellington,
foram pensadas para “tornar o nosso produto viável junto à nossa comida não
apenas no sabor como também para que tanto o prato quanto os chopes possam ser
degustados em quantidades sem que um atrapalhe o outro”.
Seu
bolso pergunta
Há várias quantidades de chopes que podem
ser consumidas na casa. O chope Itaim Pale Ale (de 5,7% de teor alcoólico) tem
preço que varia entre R$ 7,50 (por 250 ml) até R$ 135,00 (por 5 litros).
Serviço
da casa
Endereço: Rua Jesuíno
Arruda, 470 (Itaim Bibi – São Paulo/SP)
Telefone: (11) 3167-4145
Site:
www.les3brasseurs.com.br
O “Vamos bebeer?” agradece ao Mestre
Cervejeiro Wellington Aristides Silva e ao Gerente da casa Joy Veronez pela
receptividade e à Assessora de Imprensa Scheilla Lisboa por viabilizar a
entrevista.
Inclusive, o blog voltará à casa durante o
ano para produzir uma reportagem completa sobre o Les 3 Brasseurs e sobre o
processo de produção das cervejas. Aguardem!