O Brasil é genuinamente
gastronômico. Também pudera. Afinal, um País Continental como o nosso não
poderia deixar a desejar nesse quesito. De Norte a Sul temos inúmeros
ingredientes que inserem muita brasilidade em produções oriundas das panelas "Made in Brasil" ou cujas receitas se inspiraram nas produções estrangeiras
trazidas para o solo tupiniquim por povos de nações espalhadas pelos quatro
cantos do mundo.
Só que é um desafio poder
encontrar algum elemento que reúna a maior parte da nossa população. Na música,
temos os fãs de rock e de samba. Na cultura temos quem gosta de novelas e quem
seja fã da arte de rua. Na língua temos inúmeros sotaques. No esporte o futebol
é forte, mas há também quem pratique esportes de inverno. Na política, outro
desafio. Porém, ao lado da moeda, podemos ter na mesa dos brasileiros alguns dos
poucos pontos em comum. Um deles é a tabelinha quase unânime que é dos amantes
da mistura entre Cerveja e Coxinha!
E, atenta a esse ponto de
convergência, a empresária Elaine Vilela se ligou em uma oportunidade de
negócio que vem rendendo muitos frutos reunindo de modo organizado e oficial o
encontro da bebida com o petisco. O resultado são eventos que movimentam o
Circuito Gastronômico das cidades que o recebem há quase uma década.
E como no Vamos Bebeer somos
não só amantes da boemia gastronômica e entusiastas da causa, como também
amamos contar histórias, fomos acompanhar de perto o que rolou no Evento que
promoveu ao mesmo tempo a 6ª Edição do Festival da Coxinha com o 2° Festival da
Cerveja Artesanal e o 1° Festival de Bolos e Tortas – além de um bazar que
rolou por lá também com a venda de artesanatos. Mas antes, vamos voltar um
pouco no tempo para saber como foi que a coxinha surgiu.
O surgimento da Coxinha
Voltamos ao Período do Império
Brasileiro e chegamos à cidade de Limeira (SP). Por lá, como se diz haver esses
registros, havia um garoto filho da Princesa Isabel e do Conde d’Eu que morava
na Fazenda Morro Azul. E segundo o livro "História, Lendas e Curiosidades
da Gastronomia” (Editora Senac), ele era criado assim isolado da corte porque
era considerado uma criança especial. E na hora de comer só gostava de coxas de
galinha. Certo dia a cozinheira percebeu que não haveria coxas o suficiente
para o almoço e que o menino não fosse gostar da notícia. Eis que resolveu
desfiar partes da ave e essa galinha desfiada serviu de recheio para uma massa
a base de batata e farinha. Se o menino gostou dessa invenção? Respondo que não
só ele, mas que gerações se sucederam no nosso país e fizeram com que esse
petisco permanecesse bem vivo em nossa gastronomia.
Voltando ao Festival...
O Festival tem como ponto de
partida em sua organização pesquisas que são feitas dentro do Selo “Paixões
Paulistanas” que é uma divisão do trabalho realizado pelo Grupo “Espaço As
Meninas” o qual Elaine Vilela integra como Sócia-Proprietária. E o gosto do público pelas
Coxinhas e Cervejas Artesanais é sempre bem forte e intenso. Por isso, a aposta
nesta combinação perfeita e imbatível para um evento com este formato: reunião
de público dos mais variados perfis em um local de fácil acesso em uma tarde de
domingo com tempo agradável em Sampa.
O local foi a Associação Hokkaido de Cultura e Assistência que fica à Rua Joaquim Távora, 605 (Vila Mariana - a
poucos metros do Metrô Ana Rosa) e rolou das 12h00 às 19h00. A proximidade com
o Metrô foi um fator bem interessante para nós que também conseguimos
participar do evento saindo da nossa casa em Barueri (SP) indo para lá somente
com Transporte Público (Integração CPTM – Metrô) em um trajeto de pouco mais de
uma hora.
Quanto ao público? Mais de 10
mil pessoas passaram pelo evento – isso porque era tarde da finalíssima do
Paulistão entre Palmeiras e Corinthians. Prova de que a dupla Coxinha + Cerveja
é tão forte quanto a da paixão dos brasileiros pelo futebol.
A Organização sempre começa os
trabalhos com pelo menos três meses de antecedência e sabe que em toda a edição
alguns expositores conseguem vender todo o seu estoque antes do término do
evento. As Redes Sociais, além do trabalho de Comunicação com Relacionamento
com Imprensa e de Publicidade são os meios pelos quais os eventos são
divulgados.
“Já temos uma Carteira de Expositores que está conosco há muito tempo.
Aí sempre selecionamos esse pessoal, abrindo também vagas para que novos
negócios possam ser vistos e conhecidos pelo nosso público, principalmente o
Mercado de Cerveja Artesanal que tem bombado muito”, pontua Elaine.
Sobre a questão da conjuntura
econômica do país nos últimos anos, a empresária é bem firme ao dizer que neste
setor “não temos crise!”. “Nem 2016, nem
2017 e nem em 2018. As pessoas sempre acabam cortando muitos gastos, mas com comida
o paulistano não corta. Eles vêm nem que seja para comer uma Coxinha e tomar
uma Cerveja. E avaliamos que nesta Edição o Tíquete Médio foi de mais ou menos
R$ 50,00”, comenta.
A aposta do Festival é a de
fazer com que o público não apenas vá ao evento, mas que chegue, conheça
novidades, encontre o que gosta e com um valor justo e acessível possa ir
ficando. Começa com um petisco e um chope, passa pelos doces e no final ainda
reserve um tempo para fazer compras de artesanatos e produtos de decoração para
casa. De repente até leve algum presente para uma pessoa querida. Ou seja: é um
evento idealizado e gerido para que o público tenha hora para chegar e não para
sair. Tanto que a Organizadora nos conta que às 11h00, quando o evento nem
tinha sido aberto, já havia pessoas esperando para entrar. E outro ponto
positivo: a entrada é gratuita!
Uma Equipe Comercial auxilia
no trabalho de cadastramento dos expositores ao mesmo tempo em que a
Organização está “na rua” procurando e pesquisando por novos parceiros.
Trabalhar com eventos requer esse dinamismo.
E no meio desse caminho, a
empreendedora Bruna Santana do Stand da “O Chefinho – Marmitaria Gourmet” nos
conta que era a primeira vez que eles estavam participando do Festival e
chegaram até lá ao verem a divulgação através do Facebook. Entraram em contato
e quando conversaram com a Reportagem do Vamos Bebeer no meio do evento já havia
o desejo de continuarem a participar dos próximos.
Quando a família trabalha junto
Produção 100% Natural com Preço Justo! #Gostamos Coxinha de Batata Doce com Frango e Bolinho de Mandioquinha com Patinho Moído |
A “O Chefinho” é daquelas
típicas microempresas familiares espalhadas pelo país. Tanto que Bruna nos
revelou que o negócio é gerido por ela e pelo irmão, mas que para a
participação no Festival eles também contaram com o apoio, literalmente de
colocar a mão na massa, do marido, da mãe e de um amigo.
“Somos do Ipiranga e
trabalhamos também com Chocolate, Ovo de Páscoa, Marmita FIT e Marmitas
Convencionais. Viemos acreditando bastante que ia dar certo e fizemos em torno
de duas mil coxinhas. Sabemos que o público está de olho nessas novidades e
demos uma incrementada nas receitas. Temos a Coxinha de Jaca, de Batata Doce
com Frango, Bolinho de Mandioquinha com Patinho Moído e o pessoal tem gostado
bastante”, comenta.
Os trabalhos começaram na quinta-feira e ainda no domingo
pela manhã estavam finalizando os últimos detalhes. E nem conseguimos provar as
Coxinhas Doces que acabaram muito rápido.
E por falar em preço justo,
Elaine enfatiza que o desejo do Evento é o de oferecer condições para que o
público possa realmente aproveitar o máximo possível sem pesar muito no bolso.
“Aqui não é Shopping. É um local para o microempreendedor e para o artesão
trazer seu trabalho e fazemos triagens para termos expositores diferentes, com
valor agregado e preço acessível”, explica.
Um dos expositores que estão
desde as primeiras edições é a Brazuka's Foods cujos trabalhos também são
geridos pela empreendedora Regiane Cusin Galhardo. E como o próprio nome
sugere, a empresa produz suas delícias de olho nas referências da gastronomia
tupiniquim.
"A nossa primeira vez no evento foi na Bela Cintra e eu queria levar uma novidade. Aí tivemos a Coxinha com massa de Abóbora e recheio de Carne Seca. Depois surgiu a ideia de fazer com Mandioca e colocamos recheio de Costela e demos a ela o nome de ‘Coxa Atolada’ em menção à Vaca Atolada. Para o serviço pegamos um copinho de catupiry e atolamos a coxinha. A de Jaca é de origem Vegana e já acabou todo o meu estoque – teve um pessoal que até levou para casa. E a novidade desta edição foi a Coxinha com recheio de Carne Louca”, comenta.
"A nossa primeira vez no evento foi na Bela Cintra e eu queria levar uma novidade. Aí tivemos a Coxinha com massa de Abóbora e recheio de Carne Seca. Depois surgiu a ideia de fazer com Mandioca e colocamos recheio de Costela e demos a ela o nome de ‘Coxa Atolada’ em menção à Vaca Atolada. Para o serviço pegamos um copinho de catupiry e atolamos a coxinha. A de Jaca é de origem Vegana e já acabou todo o meu estoque – teve um pessoal que até levou para casa. E a novidade desta edição foi a Coxinha com recheio de Carne Louca”, comenta.
E foi com as Coxinhas do
Brazuka's Foods que partimos para a nossa Harmonização da Tarde. O destino? O
Stand da Cervejaria Camilos.
Ligação Leste-Sul
Vinda da Zona Leste de São
Paulo, a “Família Camilo” estava no Festival pela primeira vez e estava
gostando muito da experiência. Mas quem gostou mais fomos nós que pudemos
conhecer quatro cervejas produzidas por eles e que nos agradaram muito: chopes
Bohemian Pilsner, Witbier, Schwarzbier e IPA.
“Procuramos deixar combinações de cervejas mais amplas possíveis com
esses estilos”, destaca Fabio Camilo (Cervejeiro da Camilos). A Cervejaria Cigana tem sede na Zona
Leste de Sampa e se beneficiou do fator geográfico na hora de organizar o
estoque de bebidas para o evento. "Trouxemos
150 Litros, mas já estamos trazendo mais da nossa Sede porque já estamos com
nosso estoque acabando e ainda estamos no meio do evento”, revelou.
“Já produzimos em muitas cervejarias, mas nosso Laboratório fica na
Zona Leste. E já estamos com distribuição em alguns bares do Butantã e da Penha.
E o projeto da Camilos começou há quatro anos com amigos e fomos vendo que
poderia virar uma Oportunidade de Negócio e cerca de um ano para cá que estamos
num processo de profissionalização das nossas atividades”, finaliza.
#HARMONIZAÇÃO DO VAMOS BEBEER
As Coxinhas Escolhidas:
Coxa Atolada e Coxinha de Carne Louca!
A Coxa Atolada foi bem com
a IPA e para a de Carne Louca a escolha foi a Schwarzbier. E não
é porque fui eu que escolhi, mas essa segunda escolha ficou maravilhosa! Fica a
dica a quem quiser testar também – tanto na forma de coxinha quanto no
sanduíche ou no prato sem o pão!
E a Organização sabe que hoje
em dia a Curadoria de Seleção das Cervejas Artesanais tem que ser ainda mais
rígida porque o Mercado vem evoluindo muito rápido. “Como trabalhamos muito
pelo Interior, temos uma Carteira de Marcas conhecidas que é muito forte e
temos um conhecimento muito grande da área. Além disso, temos Grupos de
Cervejeiros e acaba até que um indica o outro. E para nós isso é o que mais
vale: um Cervejeiro indicar outro vira também um sinal de qualidade neste
Mercado. E outra: assim vemos que o nosso parceiro não entra em disputas de
egos”, frisa Elaine.
A atenção dada aos Cervejeiros
é também muito no sentido de oferecer muitos estilos e marcas diferentes em um
mesmo evento (de modo compacto) aliando-se o fato de que o preço dos copos não
é alto. Assim tanto o expositor pode apresentar melhor o seu produto quanto o
consumidor pode degustar mais rótulos de qualidade e sem pesar no bolso. “E no
Interior fazemos com o triplo do tamanho em locais que comportam essa
estrutura”, completa Elaine.
Altruísmo como 5º Elemento
Sabemos que ainda há um longo
caminho a ser percorrido para que o Mercado Cervejeiro seja maior e ainda mais
forte. Mas não podemos esperar que somente as grandes marcas sejam responsáveis
pelo fomento e estímulo ao Mercado. Prova disso é o que já está fazendo a
Cervejaria Los Compadres de Atibaia (SP)
Como nos conta Wellyton
Paraguassu (um dos donos) a Cervejaria – que estava participando do evento pela
segunda vez – trabalha também oferecendo seu espaço para a produção de cervejas
de Cervejarias Ciganas. E a estrutura comporta essa produção extra, afinal, a
Los Compadres já produz 12 mil Litros/Mês que resultam em 12 Rótulos
diferentes. Está aí a razão do nome da marca: transformar cervejeiros em
compadres dentro deste aromático, saboroso e encorpado Mercado.
“E nossos rótulos, justamente, também fazem menção a alguns compadres e
parceiros nossos”, explica. O projeto teve seu Start há dois anos e as
produções começaram há seis meses.
A marca também apostou em
estilos de cervejas mais amplos na oferta de possibilidades de harmonização. Os
escolhidos: American Lager, American IPA e uma deliciosa Berliner Weisse com Cajá
(que nós adoramos!). Foram levados, ao todo, 150 Litros para o evento.
Sabores que vêm do alto
Eventos como este são sempre
muito bons para que as marcas recebam feedbacks do público. E com a Hop Flyers
não é diferente. Um dos responsáveis pela Cervejaria, Samuca nos conta que
gostaria de participar de mais, mas “só
não participamos porque somos uma Cervejaria Cigana pequena e não temos tanta
produção que nos permita participar de todos os eventos”.
A marca busca produções de cervejas
com alguma característica que permita que elas sejam harmonizadas. “Temos, por exemplo, uma Witbier com Melão e
uma White IPA com Mexerica. Então sempre temos uma característica marcante nas
nossas cervejas que as permitam ser harmonizadas. E adoramos ver aqui no evento
tantas possibilidades de harmonizações com as coxinhas e demais produções de
doces por aqui”, destaca.
A marca vem de uma cidade que
tem bastante força no Mercado Cervejeiro: Piracicaba. E Samuca tem orgulho da
cidade e de todo o Movimento que as Cervejas vêm fazendo por lá. E a Hop Flyers pode se juntar ainda mais nesse cenário porque o Cervejeiro nos confabulou que
é advogado, mas que tem investido muito mais tempo nos trabalhos da cervejaria
do que na advocacia.
Procuramos sempre oferecer
cervejas frescas cuja produção não passa de 15 ou 20 dias de intervalo. A Produção
e o Envase são feitos na Cervejaria Ópera de Araraquara, mas a marca tem também
uma Tap House em Piracicaba. E para o Festival foram levados cerca de 300
Litros de cerveja.
Amigos cervejeiros, o Vamos
Bebeer endossa o que a Organizadora Elaine Vilela destaca como grande benefício
de ir ao evento: encontrar cervejas especiais de qualidade e com ótimo custo-benefício!
Além disso, é sempre hora de comer uma(s) coxinha(s)!
Muito obrigado a todos pela atenção!
Forte abraço e VAMOS BEBEER!
APURAÇÃO E TEXTO: Renan Geishofer - Jornalista e Sommelier de Cerveja (O Marido)
FOTOS: Danielle Vogel Segato - Radialista (A Esposa)
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