“Os alquimistas estão chegando...”. É o que poderia dizer Jorge Ben
Jor sobre essas pessoas que mostram um lado todo peculiar – e por que não
dizer, carismático - do Universo Cervejeiro: os Cervejeiros Caseiros (também
chamados de home-brewers)! E quem são, o que fazem, onde vivem? Ao melhor
estilo Globo Repórter o Vamos Bebeer explica!
A atividade de produzir
cerveja em casa é uma das mais antigas ao longo da História Cervejeira. Afinal,
as primeiras produções da bebida eram feitas para consumo próprio de uma casa
ou de um vilarejo, por exemplo. Então podemos dizer, sem medo de errar, que se trata
de uma atividade milenar e que, naturalmente, foi evoluindo ao longo do tempo.
Basicamente a produção de
cerveja caseira no Brasil ganhou força na virada dos anos 1990/2000 fruto da
ressonância que houve no nosso país do movimente da Revolução Cervejeira
ocorrida no Mercado dos Estados Unidos. Além disso, o nosso Mercado também se
beneficiou da chegada das primeiras importações de cervejas e do surgimento das
primeiras cervejarias artesanais em nosso país. E o meu amigo Ulisses Malacrida
(que capitaneia os trabalhos do Blog Malte Papo e da Casa de Brassagem) revelou
que o movimento dos cervejeiros caseiros também se beneficiou da Internet e das
Redes Sociais tendo sido formadas Comunidades de Caseiros no finado Orkut. E
hoje o Mercado Nacional vive hoje a retomada de uma atividade que o país já
vivenciou no passado no Brasil Colônia – com ênfase na Região Sul do Brasil –
com as produções caseiras de famílias de imigrantes europeus (alemães, por
exemplo) que também levaram esse conceito do homebrew para os Estados Unidos
quando da sua colonização.
E no começo deste ano houve
em São Paulo um evento que promoveu essa atividade e que destacou os produtores
caseiros que concorreram a um grande prêmio: a oportunidade de terem sua
receita sendo produzida em grande escala e ainda sendo vendida em todo o país!
Nada mal, não?! Foi o que propôs o IX Bier Hub Festival, evento promovido no rooftop
do elegante e descolado Edifício Tomie Ohtake entre as empresas WBeer.com.br e
o Bier Hub.
Tarde de verão com sol e cerveja no rooftop do Edifício Tomie Ohtake (Foto: Cauê Diniz) |
E quais foram as cervejas do
evento?
- OTH - India Pale Ale
- NORMANDIE - Double Weizenbock
- TITO BIER - Red Ale
- LAWNESS - Black Seaweed Gose
- TRIBAL - American Blonde Ale
Interessante notar é que no
concurso entram variados estilos. Ou seja: a Organização quer fomentar a
Cultura Cervejeira dando liberdade aos Cervejeiros Caseiros produzirem o que
quiserem. E logo de cara nos surpreendemos com a estrutura montada no evento. E
fiquei ainda mais pasmo quando descobri que o IX Bier Hub Festival foi
organizado em praticamente um mês!
Sanmy Moura Santos WBeer.com.br (Foto: Cauê Diniz) |
“Isso aconteceu porque a WBeer tem como posicionamento a democratização
do consumo de cervejas especiais no Brasil! Temos a preocupação de
disseminarmos conteúdo, informações, mostrar qual é o melhor jeito de se
consumir cerveja, mas deixando também que as pessoas se sintam livres para
beberem do jeito que elas querem. E quando vimos que há um grupo que quer
potencializar os Cervejeiros Caseiros entendemos que seria ótimo impulsionar um
projeto que já era grande e tem tudo para ficar ainda maior”, explica Samy
que ainda destacou que à época notou que o Mercado ainda não possuía uma
parceria como esta.
De modo que a WBeer entra com
a expertise de negócio, com a sua capacidade de disseminação do nome das
Cervejarias e com o apoio de posicionamento e construção de marca, logística de
distribuição em todo o país e o jeito de fomentar a educação cervejeira para um
público maior. “Assim retomamos o
principal interesse da empresa que é a democratização da cerveja no país”,
pontua.
E essa mescla de experiências
em áreas diferentes também está no DNA do Bier Hub (em operação desde meados de
2016). O economista Diego Valverde (fundador do Bier Hub) nos contou que o
Bier Hub nasceu de uma conversar de bar entre ele e o seu sócio. “Na época eu trabalhava com aceleração de
StartUps e ele estava começando a entrar no Mercado de Cervejas Artesanais. Aí identificamos
que a necessidade do cervejeiro é muito parecida com a do cara que tem uma
empresa de biotecnologia, por exemplo, que é: ter acesso de capital e
profissionalização do produto e da empresa como um todo, da legalização do
produto... Temos diversos perfis de cervejeiros e queremos trazer mesmo é a
possibilidade de eles transformarem o hobby em negócio e com a nossa
experiência em negócios os ajudaremos a fazer isso!” analisa.
A relação próxima entre a Bier Hub e os Cervejeiros Caseiros facilitou o contato dos participantes que, antes do evento, somando-se 30 projetos, passaram por uma primeira seleção entre quais seriam os cinco participantes do IX Bier Hub Festival.
Diego ainda destaca que o
próprio “ecossistema dos cervejeiros” já tem enraizado o conceito da
colaboração em que não se notam birras e intrigas. Pelo contrário. O que mais
se vê é o incentivo para que todo mundo se ajude a lapidar as melhores
receitas. “A Equipe do Bier Hub é muito
unida! É uma família! “Se coloca pra gente fazer, a gente faz mesmo! Então, foi
difícil, mas conseguimos fazer!”, finaliza.
Um dos membros dessa “família
cervejeira” é o cervejeiro Amilcar Parada, dono do bar Capitão Barley e
responsável pelo projeto da Cervejaria OTH. Consumidor antigo de cervejas
artesanais e importadas, Amilcar passou a se interessar pela produção de
cervejas após participar da feira Brasil Brau. “Fui como curioso para conhecer equipamentos de produção e conheci o
Luiz, um dos sócios da cervejaria DUM de Curitiba. Ele estava lá no stand da
Acerva servindo cerveja caseira e me explicou como produziu. A partir deste dia
comecei a pesquisar sobre produção, comprei um kit pela internet e fui
aprendendo sozinho. Depois disso vieram contatos com cervejeiros caseiros de
São Paulo (dentre eles o Victor Marinho que hoje está na cervejaria Dádiva;
Luciano, Leonardo e Bruno que são os donos da Dogma) e aí comecei a aprender
com eles também”, explica o publicitário que fez sua primeira produção
caseira em outubro de 2011.
Sua cervejaria cigana, a OTH,
aposta em um modelo de negócio colaborativo. O cervejeiro caseiro que quer
produzir sua própria cerveja faz um investimento financeiro em cotas de
produção e ajuda na definição da receita e é possível até entrar no projeto para
a confecção do layout do rótulo. Além de a OTH também abrir espaço para o
recebimento de doações de entusiastas da causa que não sejam propriamente
mestres-cervejeiros. A American IPA da OTH estava recém-produzida e, por isso,
foi o estilo levado ao evento. E a escolha do estilo se deu também pela sua popularidade.
E parece que o Capitão Barley
pode ser o local de atenção de muitos cervejeiros caseiros de São Paulo. Isso
ocorre porque o projeto da Cervejaria Normandie também teve o bar como “maternidade”.
“Conheci o Diego (Bier Hub) através do
pessoal do Capitão Barley. Tomamos umas cervejas lá no bar, conversamos e ele
me abriu essa porta. Participei na primeira vez com esta mesma receita e peguei
o segundo lugar”, revela Fabio Chaves, proprietário da Normandie.
Fábio gosta da Cultura Nórdica
e Escandinava e trouxe esse conceito para a sua cervejaria cigana que começou
em um apartamento no bairro das Perdizes em São Paulo e se mudou para a cidade
de Socorro (interior de São Paulo) onde ele pôde ter um espaço melhor para
morar e fazer suas receitas. “Há cinco anos que consigo viver da cerveja
que eu produzo!”, enaltece. Por gostar de cervejas Bock e de Trigo, o
cervejeiro misturou os estilos apresentando sua Double Weizenbock.
E por falar em referências da
Escola Alemã, a cervejaria Tito Bier também tem em sua origem um pé no país da
Oktoberfest. O cervejeiro Claus Lehmann, responsável pelo projeto, é filho de
alemães nascido no Brasil e já estudou por um tempo em Munique. “Sempre gostei de cerveja, além de ser
Fotógrafo e trabalhar com Revistas. Aí certa vez fiz uma matéria para a Revista
da Gol fotografando quem fazia cervejas artesanais pelo país e eu vi que era
muito simples e eu poderia fazer a minha. Fui fazendo cursos e passei a
produzir, em 2012, 20 litros de cerveja toda semana. Fui nesse ritmo até 2014. Em
2015 fui para outras receitas e em 2016 fomos à Dádiva fazer como ciganos (com
MAPA e todos os registros)”, conta. E quando questionado sobre o que
pretende com o projeto, Claus destaca de modo bem humorado que eles querem
continuar como ciganos para poderem viajar e tomarem cervejas em outros
lugares. “Não quero virar um RH!”
A cervejeira traz o conceito
de inventividade de pegarem receitas clássicas e darem um toque diferente. Ao
passo de que a Trotsky Red Ale partiu de uma clássica Irish Red Ale em que, por
gosto pessoal, foram tirando o corpo e jogando um pouco de lúpulo cítrico das
American IPAs. “É a nossa ‘Brazilian Red
Ale’!”, define!
Inventividade também está no DNA do projeto da Lawness. O advogado e Sommelier de Cerveja Jorge do Val nos explicou que a sua cervejaria estava no evento com a intenção de provocar o paladar do público ao apresentar uma cerveja que reunia todos os cinco gostos básicos (salgado, azedo, amargo, doce e umami). De modo que a Black Seaweed Gose foi a cerveja que eu mais gostei de BEBEER no evento.
“Nesta nossa piração, fizemos escura para que as pessoas pensem que tem algo torrado, de café nela, mas quando bebem sentem que não tem”, destaca Jorge que ainda finalizava o serviço da cerveja colocando sal negro.
O projeto nasceu pela reunião
de amigos que se conheceram no Curso de Sommelier de Cerveja. Como Jorge já
fazia cerveja, convidou os amigos para produzirem também e tiveram uma boa
sinergia na produção. “Acreditamos que
cerveja é experiência e não somente o fato de toma-la! Aí tivemos a ideia de
fazer uma cerveja com alga e logo veio essa intenção de produzir uma cerveja
que mesclasse os cinco gostos básicos. Fomos atrás de saber como produzirmos de
modo até experimental porque só temos algumas referências fora do Brasil sobre
o uso de alga (pesquisamos até no Japão). E juntando todos esses conhecimentos
fizemos esta cerveja!”, conta Jorge que ainda destacou o fato de estarem lá
não apenas buscando o prêmio, mas sim para “provocar
os consumidores a saírem de suas zonas de conforto”.
Por outro lado, o casal Rebeca
Barreto e Cassio Danilo Sanches estavam no evento com muito entusiasmo e
energia em busca de fazerem história no evento. E em uma rápida conversa
comigo, Rebeca já deixou claro que a dupla estava de corpo e alma apresentando,
pela primeira vez a um grande público, a versão da Cervejaria Tribal para o
estilo Blond Ale. “A Xamã quer trazer as peculiaridades
regionais do Brasil com uma cerveja fácil de beber no calor e em volume. Para
isso, usamos o capim limão que dá toques mais cítricos à bebida”, explica.
Sobre o início da Tribal,
Rebeca conta que o casal, que se apaixonou pelas cervejas artesanais e mantém
este hobby há 5 anos (mesmo tempo em que estão casados), resolveu aprender a
fazer sua própria cerveja. “Aprendemos
literalmente no YouTube. A nossa primeira produção, de cinco litros, saiu azeda,
mas nós a adoramos porque nós é que tínhamos feito e fomos nos aprimorando. Aí
um dia em casa notamos que tínhamos muito Capim Limão que nós gostamos e
percebemos que essa junção de uma cerveja extremamente leve com um chá de aroma
muito cítrico casariam perfeitamente. E assim surgiu a Xamã”, conta.
E foi esta a cerveja vencedora
do concurso! A Xamã é bem leve, refrescante e cheia de personalidade. Apresenta
coloração alaranjada com leve turbidez; aroma que traz muito destaque herbal
(proveniente do Capim Limão), frutado (lembrando damasco e pêssego) e leve
condimentado; na boca notam-se o corpo baixo, cítrico lembrando limão bem
presente, alta carbonatação e refrescância. Uma cerveja de fácil BEBEERabilidade
e que pode agradar a todos os tipos de paladares.
Foto dos Campeões da Cervejaria Tribal que levou ao IX Bier Hub Festival a sua American Blond Ale chamada Xamã (Foto: Cauê Diniz) |
Para compra-la e também para saber mais sobre a WBeer, acesse o site!
O Vamos Bebeer agradece à
Assessoria de Imprensa da WBeer pelo convite e pela assistência durante todo o
evento e também agradece a todos os participantes pela oportunidade de ter
conhecido mais detalhes sobre suas histórias!
Entre avaliações, entrevistas e brindes, uma pose para a foto da Equipe do Vamos Bebeer! |
Um forte abraço a todos e VAMOS BEBEER!